Marcadas novas greves no complexo de Sines

<em>Repsol</em> sem máscara

Ao fim de mais de sete horas de discussão com a comissão sindical negociadora, os representantes da administração do complexo petroquímico de Sines viram-se sem argumentos e revelaram por que se mantém o ataque ao acordo de empresa em vigor.

Jus­ti­ficam-se as pre­o­cu­pa­ções em sal­va­guardar os di­reitos dos tra­ba­lha­dores

Depois da forte adesão às greves de 13 e 17 de Fevereiro, que paralisaram as fábricas do complexo, os trabalhadores são agora chamados a uma série de paralisações de 8 horas, nos dias 8, 14, 18, 21 e 30 de Março. Contrariando as pretensões da administração, querem desta forma defender o acordo de empresa, preservar os direitos e regalias que conquistaram com a luta, ao longo de anos, melhorar os salários e os subsídios de turno (compromisso assumido pela administração), defender a estabilidade profissional contra as ameaças de desemprego e de estagnação salarial.

Duas caras

A Fequimetal, que lidera a representação sindical nas negociações com a Repsol (abrangendo também as empresas Masa e In­tertek), anunciou anteontem que vai ser divulgada aos trabalhadores a acta da reunião de segunda-feira, «reveladora da dupla face que ela tem vindo a assumir neste processo».
«Mais uma vez», nesta reunião, os representantes dos trabalhadores viram que a multinacional «fora das reuniões, diz-se totalmente aberta a negociar», mas «quando chega às reuniões, faz tudo para não resolver os problemas e, porque não tem argumentos, cai em contradições insanáveis».
«Para acabar de vez com quaisquer pretextos», os representantes sindicais apresentaram «uma proposta muito concreta», que acabou por ficar cingida a quatro pontos, com manifestação de disponibilidade para rever os valores pecuniários, caso fosse aceite pela empresa a manutenção do AE. Neste ponto, refere o comunicado da Fequimetal, «a administração perdeu todos os argumentos possíveis e refugiou-se numa única afirmação: “Não po­demos mo­di­ficar nada, porque já temos um acordo com outra frente sin­dica”».
Con­si­dera a co­missão sin­dical que, com esta de­cla­ração, «a más­cara caiu», fi­cando evi­dente que a ad­mi­nis­tração, quando per­siste na pre­tensão de in­tro­duzir a ca­du­ci­dade e eli­mi­nação do AE, re­pe­tindo que é um seu di­reito de que não ab­dica, o que pre­tende «é que sejam os tra­ba­lha­dores a ab­dicar de um di­reito seu, con­sa­grado no AE há 27 anos e que até hoje ne­nhuma em­presa ou ad­mi­nis­tração que por aqui passou pôs em causa».
Mesmo de­pois deste epi­sódio, os ne­go­ci­a­dores sin­di­cais dis­pu­seram-se a de­bater ma­té­rias para me­lhorar o fun­ci­o­na­mento ope­ra­ci­onal no com­plexo (site in­dus­trial) e foi então que «um re­pre­sen­tante da ad­mi­nis­tração “deixou cair” a afir­mação de que, dado o co­nhe­ci­mento que a em­presa tem de ou­tros sites, é pos­sível a Repsol de Sines la­borar com menos tra­ba­lha­dores».
Neste ponto, re­fere o co­mu­ni­cado sin­dical que «foi vi­sível a in­co­mo­di­dade dos re­pre­sen­tantes da ad­mi­nis­tração, quando lhes foi cha­mada a atenção para o facto de eles pró­prios es­tarem a dar uma das res­postas à ne­ces­si­dade de manter a cláu­sula res­pei­tante à ma­nu­tenção do AE, para pro­teger os tra­ba­lha­dores, quanto a si­tu­a­ções fu­turas que possam pôr em causa os seus di­reitos e re­ga­lias».


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